Descrição Geral: Os principais atrativos turísticos da região de Casimiro de Abreu são rios, cachoeiras e mar. O rio São João, além de seus benefícios naturais, proporciona experiências maravilhosas aos aventureiros, pois se pode navegar em suas águas para lazer utilizando barcos, caiaques ou até pranchas de Stand Up Paddle. Por ser um rio de águas límpidas e suas margens serem bastantes distantes umas das outras, torna-se um dos poucos rios do estado a compreender um bioma único. Com importância histórica, há um amplo casario em estilo colonial, localizado na avenida conhecida como “Beira-Rio” (junto ao rio São João), casa onde nasceu o poeta Casimiro de Abreu. Datada do início do século XIX, constituía-se num depósito de mercadorias (entreposto) pertencente ao pai de Casimiro. Após ser vendida e revendida em leilão, foi reformada e doada à Prefeitura, quando chegou a servir como sede do governo municipal. Depois de várias reformas, hoje ela é uma galeria de arte e, em alguns quartos, museu. O município ainda conta com seis Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que têm caráter perpétuo e garante a preservação da Mata Atlântica. Destaque para a RPPN Fazenda Bom Retiro, primeira a ser instalada no estado do Rio de Janeiro.
Geologia: O morro de São João é um importante monumento geológico do município, bem como os costões rochosos nas praias e os afloramentos na serra e cachoeiras. A restinga, com indicação dos avanços e recuos do mar no passado da Terra, amplia o interesse pela história da Geodiversidade municipal. O rio Aldeia Velha é um importante registro fluvial para uso científico, turístico e educacional. Na RPPN Fazenda Bom Retiro instalamos um painel interpretativo sobre a dinâmica fluvial na região, abordando os processos de escultura da paisagem. Assim, rochas metamórficas e ígneas, bem como sedimentos fazem parte da história mais antiga de Casimiro de Abreu. Próximo ao píer do rio São João, que margeia o morro, foi implantado um painel interpretativo do Projeto Caminhos Geológicos, que trata da formação do Morro de São João, e outro do Projeto Caminhos de Darwin, já que Charles Darwin passou por Barra de São João em duas ocasiões (ida e vinda) durante sua excursão pelo estado do Rio de Janeiro em abril de 1832.
Histórico: Até a chegada dos colonizadores de origem portuguesa, no século XVII, a região era habitada pela tribo Saraçu, um ramo dos indígenas Goitacás. No século XVIII, existia o aldeamento Indaiaçu, da tribo Guarulhos (outro ramo dos Goitacás), fundado com auxílio do capuchinho italiano Francisco Maria Tali e que viria a dar origem à atual cidade de Casimiro de Abreu. A primeira capela, dedicada à Sacra Família, foi erguida em 1748. Em 1761, passou a constituir a freguesia de Sacra Família de Ipuca. Frequentes epidemias obrigaram a transferência da freguesia para junto do rio São João, onde foi construída uma igreja dedicada ao santo homônimo. Em 1800, foi criada a freguesia de “Barra de São João”, subordinada ao município de Macaé. Através da Lei Provincial nº 394, de 19/05/1846, a freguesia foi elevada à categoria de vila, separando-se de Macaé. Em 1890, foi elevada à categoria de cidade e o distrito de Indaiassu foi anexado. Em 1901, a sede do município transferiu-se de Barra de São João para Indaiassu e o nome do município também mudou para “Indaiassu”. Em 1904, ambas as alterações foram revertidas. Em 1925, a sede do município transferiu-se novamente para Indaiassu, que alterou seu nome para “Casimiro de Abreu”, em homenagem ao famoso poeta nascido no município. Em 1938, um ano antes do centenário do poeta, o município inteiro passou a denominar-se “Casimiro de Abreu”. Em 08/03/1980, a cidade foi centro de um deslocamento em massa e reunião de pessoas que acreditaram que um objeto voador não identificado, proveniente de Júpiter, pousaria em uma fazenda local. Estima-se que mais de 10 mil pessoas, incluindo imprensa e órgãos internacionais, chegaram à cidade para acompanhar o pouso do suposto disco voador.
PRINCIPAIS GEOSSÍTIOS:
MORRO DE SÃO JOÃO
Localização: 22°35’27.11” S; 41°59’42.02” O
Descrição: O Morro de São João se destaca como uma elevação brusca de aproximadamente 800 m e essa imponência domina a paisagem local. Pode ser apreciado desde municípios vizinhos e até por imagem de satélite. Sua exuberante vista chama atenção de turistas que frequentemente realizam trilhas para contemplá-la. Ele é recoberto por vegetação típica de Mata Atlântica preservada. O morro, quando visto por imagem de satélite ou fotografia aérea, revela ao observador uma feição circular em planta. Em 3D tem a forma de um cone, o que inspira a ideia de que se trata de um vulcão extinto. Mas não é bem assim! As rochas do Morro de São João foram formadas por cristalização do magma (rocha fundida), daí serem classificadas como ígneas ou magmáticas. O magmatismo é típico de limites de placas tectônicas, mas, também, as rochas do Morro não se formaram em limites de placas. A formação do Morro de São João pode ser explicada pela Teoria proposta pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener no início do século XX denominada “Tectônica de Placas”, a qual sugere que a superfície terrestre é constituída por placas que se movimentam em diversas direções. Ele foi muito criticado por isto. Com o avanço das técnicas e tecnologia, a Geologia, hoje, pode informar que as placas se movem numa velocidade de poucos centímetros por ano, podendo se amalgamar em grandes massas continentais ou se fragmentar em porções menores. A América do Sul e África se separaram há cerca de 130 milhões de anos. Mas, há 65 milhões de anos, justamente no final do Cretáceo, quando os dinossauros se extinguiram, a região que hoje corresponde ao território do Estado do Rio de Janeiro esteve sobre uma anomalia térmica, uma grande região muito quente no Manto da Terra. À medida que a placa sul-americana se movimentava lentamente para oeste, essa anomalia de calor promovia a fusão das rochas que estavam na sua vizinhança. Este magma migra, então, em direção à superfície e intrude (invade) as rochas pré-existentes da região, que neste caso são bem antigas, pois possuem cerca de 2 bilhões de anos. Enquanto esta anomalia é fixa e a placa se movimenta, é formado um rastro de rochas ígneas ao longo do caminho percorrido. Estudiosos indicam que o alinhamento formado de feições magmáticas se estende desde Poços de Calda (MG) até Cabo Frio (RJ), e um desses registros é o que hoje conhecemos como o Morro de São João. No caso do Morro de São João, apesar de seu relevo sugestivo, não é possível identificar a presença de rochas que indicam a ocorrência de erupções vulcânicas em superfície. Estas rochas têm texturas muito finas porque esfriam muito rapidamente e podem até ser formadas por vidro! Também podem ser compostas de material ejetado dos vulcões, como cinzas e bombas. Mas, estes tipos de rocha não foram encontrados no Morro. As rochas do Morro de São João têm textura grossa, onde podem ser observados os minerais muito claramente, indicando que se cristalizaram lentamente em profundidade, o que é típico de rochas plutônicas. Plutão, na mitologia, é o senhor das profundezas. Já Vulcano é o senhor do fogo, dos vulcões na superfície. Assim, se um dia o Morro de São João foi um vulcão, os processos de alteração, erosão e transporte, já retiraram todo este material e o que vemos hoje é parte do corpo solidificado em profundidade. As rochas ígneas geradas neste episódio apresentam muito sódio (Na) e potássio (K) nos seus minerais e são denominadas de rochas alcalinas, por esta química especial. Não são rochas comuns na superfície da Terra e, portanto, são raridades a serem estudadas. Também, são pobres em sílica, muito diferentes das rochas mais comuns da superfície de nosso planeta. A singularidade do processo geológico que formou o Morro de São João fez com que próximo ao píer do Rio São João, que margeia o Morro de São João, fosse instalado um painel interpretativo do Projeto Caminhos Geológicos, que trata justamente desse contexto de formação das rochas. Sugere-se um passeio turístico de barco ao longo do rio cujo embarque localiza-se quase ao lado deste painel. Este local é, também, um sítio histórico com um casario colonial preservado. Neste mesmo local há, ainda, um painel do Projeto Caminhos de Darwin, já que Charles Darwin passou por Barra de São João em duas ocasiões (ida e vinda) durante sua excursão pelo estado do Rio de Janeiro em abril de 1832. Nele está transcrito uma pequena parte do diário do naturalista britânico: “Passamos por várias aglomerações de mata densa. Senti-me indisposto, com um pouco de calafrios e enjoo. Cruzei a barra de São João de canoa, ao lado de nossos cavalos. […] Viajamos até escurecer”. Ele não citou o Morro de São João, mas isto intriga a quem lê o diário, afinal este é um marco topográfico admirável para todos que passam pela região.
Referências: Mota, C.E.M.; Geraldes, M.C.; Almeida, J.C.H.; Vargas, T.; Souza, D.M.; Loureiro, R.O. Silva, A.P. 2009. Características Isotópicas (Nd e Sr), Geoquímicas e Petrográficas da Intrusão Alcalina do Morro de São João: Implicações Geodinâmicas e Sobre a Composição do Manto Sublitosférico. Geol. USP Sér. Cient., 9(1):85-100 | Mota, C.E.M. 2013. Petrogênese e geocronologia das intrusões alcalinas de Morro Redondo, Mendanha e Morro de São João: caracterização do magmatismo alcalino do Estado do Rio de Janeiro e implicações geodinâmicas. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Geologia da UERJ, 204p. | Sichel, S.E.; Motoki, A.; Iwanuch, W.; Cargas, T.; Aires, J.R.; Melo, D.P.; Motoki, K.F.; Balmant, A.; Rodrigues, J.G. 2012. Cristalização fracionada e assimilação da crosta continental pelos magmas de rochas alcalinas félsicas do estado do Rio de Janeiro. An Inst Geocienc., 35:84-104
RIO ALDEIA VELHA
Localização: 22°27’52” S; 42°18’21” O (divisa com Silva Jardim)
Descrição: O rio Aldeia Velha, que corta a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bom Retiro, entre os municípios de Casimiro de Abreu e Silva Jardim, representa um geossítio fluvial de alta relevância e paisagem monumental. A RPPN foi a primeira a ser instalada no estado do Rio de Janeiro (1993), teve seu Plano de Manejo aprovado em 2014 e possui 494,3 hectares de florestas primárias e em regeneração, sendo refúgio de muitas espécies ameaçadas de extinção. Destaca-se por sua Geodiversidade representada por diferentes rochas trazidas pelo rio ou por movimentos de massa no passado e que se depositam às margens do rio Aldeia Velha, nascentes e diferentes ambientes de sedimentação. Este rio apresenta, de forma didática, três diferentes processos fluviais. O primeiro deles, na parte alta do curso d’água, domina a erosão e transporte dos sedimentos nesse leito que tende a ser retilíneo e encachoeirado. Com a intensa ação da gravidade, pode-se dizer que nessa fase do rio a energia é alta. O segundo é quando o rio encontra a baixada, nas proximidades da sede da RPPN. Nessa parte, pelo relevo passar rapidamente para uma planície, há uma diminuição na energia, que possibilita a deposição dos sedimentos que vinham sendo carregados pelo fluxo d’água. Assim, depositam-se sedimentos muito grossos decorrentes do transporte fluvial e dos deslizamentos de solo e blocos rochosos, que podem ser vistos nas margens do rio, onde se acumulam e podem ser identificados materiais com composição diversificada, correspondendo aos diversos tipos existentes na bacia hidrográfica. O depósito resultante dessa fase é denominado leque aluvial, que são depósitos em sopés de áreas montanhosas distribuídos em formato de um leque aberto quando vistos de cima. No terceiro processo, quando o rio já se encontra na planície, a área é sujeita a inundações periódicas e o rio é caracterizado por um canal sinuoso, denominado meandrante. Os meandros, como são denominadas as curvas do rio, evoluem com passar do tempo. Inicialmente, conforme a água vai fluindo, ela escava a parte côncava do canal e deposita sedimentos na parte convexa, fazendo com que a curvatura vá aumentando até que o meandro é abandonado, não fazendo mais parte do fluxo principal do rio. Como forma de parceria entre nosso projeto e a RPPN Bom Retiro, e seguindo o que está estabelecido em seu Plano de Manejo, elaboramos um painel interpretativo, inaugurado durante o II GeoDia (10/06/2019), que trata do rio Aldeia Velha para ações de ecoturismo e educação ambiental, da mesma forma que apoiamos a preservação desta área tão especial.
CACHOEIRA DA FUMAÇA
Localização: 22°21’57.4”S; 42°15’11.4” O
Descrição: A Cachoeira da Fumaça está localizada na Vila da Cascata, no município de Casimiro de Abreu. Com cerca de 30 metros de altura, é conhecida por suas águas que formam uma neblina constante na queda, que se assemelha à fumaça. No verão, este espetáculo pode ser melhor apreciado com a cheia do rio. As rochas que dão forma à cachoeira estão associadas a um evento de colisão continental que uniu a África e a América do Sul há cerca de 770 milhões de anos, idade de formação dessas rochas. São rochas metamórficas paraderivadas, ou seja, de origem sedimentar. O nome da rocha é kinzigito e apresenta uma granulação grossa, onde os minerais podem ser vistos a olho nu. Dentre eles estão presentes quartzo, feldspato, granada, biotita, cordierita e sillimanita. São minerais ricos em silício e, alguns, em alumínio, o que aponta para sua origem. Os geólogos interpretam que essa composição remete a sedimentos lamosos, muito finos, que preenchiam bacias sedimentares marinhas profundas. Assim, devido à colisão de continentes, os sedimentos que existiam entre eles foram submetidos a condições de elevadas pressão e temperatura, transformando-os em rochas metamórficas pela recristalização dos minerais presentes nos sedimentos. Hoje, essas rochas passaram de um ambiente de formação marinho para uma paisagem fluvial. Isto se deu após a quebra do antigo continente e o soerguimento dessas rochas para a superfície da Terra. Desta forma, podemos usufruir da bela Cachoeira da Fumaça. Cachoeiras ou quedas d’água se formam quando no curso de um rio há uma quebra brusca no relevo. Nesses locais a energia do sistema é bastante alta, já que a água corre em alta velocidade. A força da água permite que ela carregue sedimentos grossos das partes altas da cachoeira até às margens mais baixas do rio, por isso encontramos muito cascalho espalhado na cachoeira. Além do cascalho, grandes blocos de rocha também se encontram soltos na área da cachoeira. Esses blocos são desagregados dos maciços rochosos e transportados por movimentos de massa, em eventos de chuvas intensas, para o leito do rio. Esse é o processo de construção da paisagem desta região serrana. Visitando a Cachoeira da Fumaça, você irá passear por um dos principais pontos turísticos de Casimiro de Abreu e poderá mergulhar nas convidativas águas da cachoeira, além de contemplar uma paisagem belíssima.
Referências: Tupinambá, M.A.; Teixeira, W.; Heilbron, M. 2012. Evolução Tectônica e Magmática da Faixa Ribeira entre o Neoproterozoico e o Paleozoico Inferior na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ, 35(2):140-151 | Programa Geologia do Brasil – Geologia e Recursos Minerais da Folha São Fidélis. Serviço Geológico do Brasil – CPRM. | Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – Geologia do Estado do Rio de Janeiro. CPRM | Altos da Serra Mar
METEORITO CASIMIRO DE ABREU
Localização: Fazenda Andorinhas
Descrição: Em 07 de setembro de 1947, foi encontrado no município de Casimiro de Abreu um corpo celeste de massa metálica pesando 24,2 kg, arredondado com dimensões de 26x20x12 cm, sendo reconhecido como meteorito pelo químico Joaquim Seixas, que o doou para o Museu Nacional/UFRJ. Achado na Fazenda Andorinhas, que na época era propriedade do Sr. José Ferreira Tomé, o meteorito teria sido encontrado bem antes da data citada e ficava guardado debaixo da cama do proprietário. Os fazendeiros da localidade acreditavam se tratar de minério de ferro. Uma curiosidade que pairava naquela época era: por que a pedra minava água? Esse fenômeno pode acontecer com alguns meteoritos, pois eles sofrem oxidação quando contaminados por cloro, formando cloreto férrico que exsuda do meteorito em forma de gotas esverdeadas ou amarronzadas, conhecido como “mal da lawrencita”. Se não for tratado em pouco tempo, o meteorito pode se transformar em um monte de ferrugem. Meteoritos são fragmentos de objetos extraterrestres que caem na Terra. São as estrelas cadentes que conseguimos avistar no céu. Dependendo do tipo de corpo de onde se desprenderam, podem variar bastante em suas composições. Assim, por meio da análise química pode-se obter informações sobre sua origem. Por exemplo, se fez parte de um corpo semelhante à Terra, que possui crosta, manto e núcleo, ou se fez parte de um corpo homogêneo/primitivo. Eles podem ser divididos em diferentes grupos/classes segundo sua composição química e características mineralógicas/petrográficas. O Meteorito Casimiro de Abreu possui uma composição metálica, rico em ferro e níquel, e faz parte do Grupo IIIAB, que é o tipo mais comum, com mais de 200 membros. Os meteoritos deste grupo são caracterizados por terem se formado em um núcleo fundido de corpos celestes semelhantes à Terra, indicado pelos teores dos elementos químicos níquel, gálio e germânio. Outros exemplos deste tipo de meteorito são os denominados: Balsas (MA), Nova Petrópolis (RS), Sanclerlândia (GO) e Itutinga (MG). O estudo destes corpos celestes é de alta relevância para compreender a composição e a estrutura interna da Terra, além de nos ajudar a desvendar como ocorreu a formação do nosso Sistema Solar. Com os dados e história obtidos do meteorito, foi confeccionado um painel interpretativo pelo Projeto Caminhos Geológicos, disponível em nosso website. Uma réplica do mesmo foi elaborada e doada à municipalidade pela Prof.ª Maria Elizabeth Zucolotto, do Museu Nacional/UFRJ, autora do estudo. Esta encontra-se na Casa de Cultura Estação Casimiro de Abreu, localizada na Praça Lúcio André, s/nº, Centro.
Referências: Meteorito: Um ET em Casimiro de Abreu. Painel do Projeto Caminhos Geológicos. DRM-RJ | Casimiro de Abreu tem placa que faz referência a meteorito. Blog da Prefeitura de Casimiro de Abreu | Dia de História. Prefeitura de Casimiro de Abreu; Fundação Cultural de Casimiro de Abreu
PRINCIPAL SÍTIO DE INTERESSE HISTÓRICO-CULTURAL:
PONTE DE ARAME
Localização: 22°24’43.308” S; 42°12’30.060” O
Descrição: A Ponte de Arame, um dos pontos turísticos mais visitados na região serrana de Casimiro de Abreu, fica localizada às margens da Rodovia Serramar (RJ-142). São duas pontes, sendo a mais conhecida aquela que pode ser acessada a partir do km 55. A segunda ponte encontra-se a pouco mais de 7 km da primeira, para quem está seguindo na direção de Nova Friburgo. As pontes são feitas de cabo de aço e madeira, mas popularmente ficou conhecida pelos moradores como Ponte de Arame. Elas foram construídas na década de 1970 e estão erguidas sobre o rio Macaé, bem no limite entre os municípios de Casimiro de Abreu e Macaé. As pontes passaram por reforma em 2019. O ponto turístico se destaca por suas belezas naturais, tendo sido até cenário para gravação de novelas. É, também, muito frequentado por ciclistas e amantes de caminhadas. Neste ponto, o rio corre rápido em um leito formado por blocos de rocha transportados pelos processos de formação do relevo e moldados pelo rio. Ou seja, foram erodidos dos maciços rochosos e arredondados ao longo do caminho e pelas águas do rio. Este trecho do rio corta rochas metamórficas (com cerca de 850 Ma), denominadas gnaisses. Eles são ricos nos minerais quartzo, feldspato, sillimanita e biotita. Por vezes, é possível observar intercalações de outra rocha metamórfica, os quartzitos que, como o nome diz, são ricos em quartzo, mas podem também possuir granada, silimanita e feldspato. São rochas formadas pela ação da pressão e temperatura altas sobre sedimentos antigos. O metamorfismo se deu em decorrência da colisão continental que uniu diversos continentes, entre eles a América do Sul e África, e formou o Supercontinente Gondwana. Também podem ser encontrados blocos de uma rocha, denominada Granito Sana (com cerca de 510 Ma), que é ígnea e intrudiu nos gnaisses mais antigos. Próximo às pontes, encontra-se uma das áreas de ocorrência do Granito Sana, que é cortada pelos córregos Novo Destino ou Tenal, do Chiqueiro e um terceiro sem nome, que se unem para desaguar no Rio Macaé, transportando esses sedimentos de variados tamanhos. Para transporte desses grandes blocos é necessária alta energia. Mas não é só! Ao longo do rio também é possível perceber vários depósitos de blocos transportados por gravidade e que se acumulam nos flancos das encostas íngremes e nas margens e leito dos rios. Esses sedimentos recentes, de vários tamanhos, acumulam-se nas margens e podem formar pequenas praias de areia. Esses bancos criam condições ideais para o banho e atraem moradores e turistas. A Geodiversidade na região é muito grande, porque, além dessas rochas de origem relacionada à Tectônica de Placas e a processos de acumulação atual, podem ser encontrados na literatura especializada outros aspectos relevantes como uma grande fratura geológica onde o leito do rio Macaé está encaixado nesta área, bem como depósitos minerais já lavrados no passado, como areia no rio, e berilo, mica e feldspato em pegmatitos. Mas, este é um assunto para outras postagens! A paisagem do rio Macaé vista da Ponte de Arame é de extrema beleza e os valores geológicos agregados a esse local são surpreendentes!
Referências: CPRM. 2012. Geologia e Recursos Minerais da Folha Casimiro de Abreu, Folha SF.23-Z-B-III. Escala 1:100.000, Rio de Janeiro