Iguaba Grande

Descrição Geral: O município possui características de balneário e de interior. Apesar de seu território relativamente pequeno, Iguaba Grande possui prédios históricos de grande valor e uma paisagem diversificada. Suas praias estão na orla da Lagoa de Araruama, considerada a maior laguna hipersalina em regime permanente do mundo. Em 2023, a Praia de Ubás foi pré-aprovada para compor o seleto grupo das praias a exibir a chancela Bandeira Azul no Brasil.

Geologia: A região abrange parte da Serra da Sapiatiba formada por rochas metamórficas originadas de sedimentos marinhos. Elas se formaram há cerca de 500 milhões de anos, quando os sedimentos foram metamorfizados durante a colisão do Supercontinente Gondwana, em contraste com as rochas metamórficas de origem magmática existente no entorno, cuja idade é de cerca de 2 bilhões de anos. Falhas geológicas, como a existente na Ponta da Farinha, e diques de diabásio remetem a um passado com terremotos e vulcanismo.

Histórico: “Iguaba” é um termo de origem tupi que significa “lugar de beber água, bebedouro”, através da junção dos termos ‘y (água), ‘u (ingerir) e aba (lugar). É um lugar tranquilo, de um povo pacato, cercado por águas e recheado de histórias fantásticas. Apesar de jovem, a história de Iguaba Grande é extensa e nos remete à ocupação do litoral pelos povos indígenas. Do ponto de vista da presença dos europeus, destacamos o ano de 1761, quando a Capela de Nossa Senhora da Conceição foi construída pelo padre jesuíta Francisco Borges com ajuda dos índios. A capela, em estilo colonial, conta a história da ocupação da região, sendo tombada como patrimônio cultural pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) em 1979. Em 1915, o trem movido à lenha, e posteriormente a carvão, transportava malote dos Correios, abastecia o comércio local e também levava passageiros entre Niterói e Cabo Frio. A ferrovia foi desativada definitivamente na década de 1960. Em 1921, Francisco da Silveira Melo fundou a primeira caeira da cidade. A cal produzida pela máquina era utilizada na construção de casas do povoado. A moagem de conchas, provenientes da Lagoa de Araruama, chegou logo em seguida e a farinha de ostra era enviada para a capital fluminense, servindo para alimentar aves e fazer remédios. Iguaba Grande tinha como principal atividade a extração do sal na década de 1940. A posição geográfica permitia que os moradores também vivessem do pescado de peixes e camarões. Com cerca de 500 habitantes até meados de 1940, o distrito de Iguaba Grande, que pertencia a São Pedro da Aldeia, não possuía iluminação pública. O sistema foi implantado utilizando óleo diesel e a manutenção do gerador era feita por um funcionário que ligava o motor manualmente. O armazenamento de água potável era feito através de cisternas domésticas e o abastecimento encanado só chegou na década de 1970, após a fusão do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro. Com o desenvolvimento e crescimento da cidade ao longo dos anos, Iguaba Grande se emancipou de São Pedro da Aldeia em 08/06/1995, quando cerca de 94% dos eleitores foram favoráveis à independência do município.


PRINCIPAIS GEOSSÍTIOS:

SERRAS DA SAPIATIBA E SAPIATIBA MIRIM
Localização: 22°50’45.47” S; 42°11’59.71” O (O acesso se faz pela Rodovia Amaral Peixoto entre Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, na altura da Ponta da Farinha)
Descrição: A elevação de aproximadamente 300 metros das serras da Sapiatiba e Sapiatiba Mirim possui um incrível passado geológico, dividido entre quatro grandes momentos que ficaram preservados nas rochas e minerais. As Serras estão na divisa entre Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, além de localizadas em uma região onde há sobreposição de unidades de conservação (APA da Serra de Sapiatiba e o Parque Estadual da Costa do Sol), possuindo uma alta biodiversidade, inclusive com espécies ameaçadas de extinção. O primeiro grande evento geológico que contribuiu para a formação das serras da Sapiatiba e Sapiatiba Mirim foi a cristalização das rochas mais antigas da região, chamadas de embasamento. São rochas ígneas, metamorfizadas, que fazem parte de uma unidade denominada Complexo Região dos Lagos. A partir de métodos de datação, chegou-se a uma idade estimada de 2 bilhões de anos para a formação destas rochas. Podem-se visualizar belos afloramentos nas margens da Lagoa de Araruama, em Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, e nos cortes de estrada da Via Lagos. Entretanto, as camadas de rochas sobrepostas ao embasamento, que estão presentes nas encostas das serras, indicam um tipo diferente de rocha metamórfica, cuja origem é sedimentar marinha. Este conteúdo rochoso se destaca pela concentração de minerais ricos em silício e alumínio provenientes de metamorfismo de sedimentos lamosos, portanto, depositados em um ambiente aquoso de baixa energia, comumente associado a uma bacia sedimentar oceânica, e indica o segundo grande momento para a formação geológica da Sapiatiba, quando havia um paleo-oceano entre a África e a América do Sul, que durou até aproximadamente 600 milhões de anos. Nele se desenvolveu uma bacia sedimentar denominada Búzios-Palmital. Todavia, as estruturas (falhas e dobras) e os minerais metamórficos encontrados na Sapiatiba e Sapiatiba Mirim são evidências de que sua origem não é apenas oceânica. Indicam que as rochas do embasamento foram empurradas sobre as rochas sedimentares da bacia oceânica, quando este oceano primitivo foi fechado e a África e América do Sul colidiram. Este é o terceiro grande evento geológico e é datado de cerca de 520 Ma, que é a idade do metamorfismo das rochas da Bacia Búzios-Palmital, devido às novas condições de pressão e temperatura proporcionadas pela colisão continental, quando se formaram as rochas metamórficas derivadas das sedimentares. A história da Sapiatiba continua. Depois de constituir, durante quase 400 Ma, a base de uma grande cadeia de montanhas, esta região passou pela fase de quebra continental. O oceano Atlântico começou a nascer há 130 Ma, dando início ao último grande evento geológico da região. O Supercontinente Gondwana se partiu em vários blocos e o magma que penetrou nestas fraturas provocou a criação e a expansão do assoalho oceânico, separando a América do Sul da África. Podem-se notar as rochas vulcânicas e subvulcânicas (lava que chegou à superfície ou próximo a ela) cortando as antigas rochas metamórficas. São diques de diabásio, rochas de composição semelhantes as do fundo oceânico, que ascendem como magma muito rápido à superfície e, portanto, possuem textura fina. A região da Sapiatiba, que já foi fundo de oceano e raiz de colossais cadeias montanhosas, hoje se mostra como uma proeminência singela que guarda segredos do período de formação do território do nosso Projeto de Geoparque. O local possui um painel dos Caminhos Geológicos, projeto coordenado pelo DRM/RJ, que explica toda evolução desta região de Sapiatiba e torna a visita bem mais interessante. As serras de Sapiatiba e Sapiatiba Mirim certamente reservam uma dentre as mais bonitas vistas de Iguaba Grande e são parada obrigatória para qualquer turista apreciar suas belas paisagens.

Referências: Berlim, R. 2017. Geoturismo como Estratégia para Geoconservação no Território dos Municípios Maricá, Saquarema, Araruama e Iguaba Grande – RJ. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Geologia, UFRJ, 223 p. | Dalva Rosa Mansur, Cecília Bueno, Kátia Mansur, Renata Schmitt, Luigy Tiellet, Pedro Paulo de Lima e Silva. 2007. APA da Serra de Sapiatiba – Projeto Conhecer para Preservar. Ed. IPEDS – Centro de Pesquisas Segunda Edição Iguaba Grande | Área de Proteção Ambiental da Serra de Sapiatiba. INEA – Instituto Estadual do Ambiente.

UM SOLO QUE FEZ HISTÓRIA – PONTO PRJ-19
Localização: 22°49’38.06″ S; 42°13’24.37″ O
Descrição: Muitas vezes não nos damos conta da importância dos solos para nossas vidas. É sobre ele que vivemos, sendo o substrato da agricultura que nos alimenta e dos biomas terrestres. Existe muita vida no interior do solo que, ainda, retém água para as plantas e para abastecer os aquíferos. É comum ouvirmos a comparação: “solo é a pele da Terra”. Solos se formam a partir da alteração das rochas, o intemperismo. Esse processo é resultado do desequilíbrio físico ou químico gerado quando uma rocha, na superfície da Terra, fica exposta a condições diferentes daquelas em que se formou. Um exemplo de desequilíbrio químico pode ser dado pela formação da famosa “Terra Roxa” da Bacia do Paraná. Esse solo é formado pela alteração do basalto, rocha vulcânica que se cristaliza em temperatura superior a 1.000°C e que, quando alcança a superfície, altera-se, em especial pela ação da água, gerando este rico solo para a agricultura. Quando os minerais da rocha entram em contato com a água, considerada um solvente universal, reações químicas podem modificá-los. A água pode dissolver e carregar elementos químicos dos minerais, num processo muito semelhante ao que ocorre quando coamos café. Ela também pode hidratar os minerais com os quais esteve em contato. Gelo, degelo e raízes de plantas podem quebrar a rocha em pedaços bem pequenos. O ácido húmico das plantas também pode causar alteração nos minerais. Rochas diferentes geram solos diferentes. Climas úmido ou seco, desértico ou gelado também produzem solos diferenciados porque os processos químicos, físicos e biológicos envolvidos geram produtos variados. Outros fatores importantes são declividade do terreno, organismos presentes e tempo de atuação do intemperismo. O solo de Iguaba Grande é tão especial por ser um patrimônio da ciência de solos no Brasil. Pedologia é a ciência que estuda os solos. Em 1978, o ponto PRJ-19, localizado próximo à saída da Via Lagos em Iguaba Grande, foi descrito durante a Primeira Reunião de Classificação, Correlação e Interpretação de Aptidão Agrícola de Solos (I RCC). Essa reunião pioneira foi seguida de um trabalho de campo que descreveu e deu origem ao Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Portanto, este solo é um padrão brasileiro para um tipo de solo que recebe o nome de Planossolo Háplico. Do topo para a base, podemos observar no perfil de solo letras que representam os seus diferentes horizontes, facilmente reconhecidos por suas cores variadas: A – Horizonte composto por matéria orgânica (húmus) e inorgânica (proveniente do intemperismo dos minerais das rochas); E – Horizonte de cores claras, de onde finos minerais e elementos químicos foram carregados pelas águas que se infiltram; B – Horizonte onde se acumula material proveniente dos horizontes superiores; C – Horizonte constituído por material rochoso já bastante alterado, mas que ainda mantém feições da rocha original. Compare com um clássico e completo perfil de solo e verá que este é um local muito didático para práticas de aulas. Nosso projeto de Geoparque possui outros 6 tipos de solos em sítios de importância para a pedologia brasileira, porque foram descritos na mesma RCC. Temos um rico patrimônio pedológico para conservar e divulgar. Neste local foi implantado um painel do Projeto Caminhos Geológicos que, no entanto, foi retirado por desconhecidos.

LAGOA DE ARARUAMA
Localização: 22°54’40.4” S; 42°21’29.2” O
Descrição: A Lagoa de Araruama é um geossítio de extrema relevância no nosso território, não só por ser a maior sistema lagunar hipersalino em estado permanente da Terra (cerca de 220 km²) como pela raridade do ecossistema em que ocorre. Banha os municípios de Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo. A existência da Lagoa representa uma parte relativamente recente da história da Terra, correspondente aos registros de avanços e recuos do nível relativo do mar nos últimos 120 mil anos, ou seja, compreende o final do período Quaternário (pequena parte do Pleistoceno e todo o Holoceno, que é o nome da época em que vivemos). As variações no nível do mar muitas vezes representam mudanças climáticas cíclicas em nosso planeta, causadas por períodos de glaciação entremeados com momentos mais quentes, os interglaciais. Essas mudanças foram fundamentais para a deposição dos sedimentos na Restinga da Massambaba e para a existência deste sistema lagunar tão especial. Pela observação da imagem de satélite é possível perceber que a Lagoa de Araruama está separada do mar por um grande cordão arenoso, onde estão instaladas pequenas lagunas, como as Lagoas Vermelha, Pitanguinha, Pernambuca, Brejo do Espinho, entre outras. Estudos e datações revelaram que este cordão é composto por dois cordões de idades bem distintas, sendo que o mais velho não ocorre em toda a extensão da Massambaba e está mais próximo à Lagoa de Araruama (chamado de barreira interna). Ele foi associado à elevação do nível do mar que ocorreu há cerca de 120 mil anos, formando uma enseada onde hoje está a Lagoa de Araruama. Mas, no final do Pleistoceno, houve um período glacial bastante intenso, que fez recuar o nível do mar por conta do congelamento de água nos polos e continentes. Este recuo fez com que sedimentos se depositassem e houvesse a formação desse cordão mais velho e interno, cuja formação também foi facilitada pelo transporte de sedimentos pelas correntes marinhas. Posteriormente, entre 7 e 5 mil anos A.P (antes do Presente), houve uma nova elevação do nível do mar. A que ocorreu há 5 mil anos é considerada a maior do Holoceno e alcançou cerca de 3 m acima do nível atual. O mar novamente invadiu a Lagoa de Araruama, destruindo parte da barreira interna. No recuo do nível relativo do mar, que ocorreu após este momento, houve a formação por sedimentação da barreira externa que, assim, deixou seu registro nas pequenas lagunas existentes no interior do cordão. Sua hipersalinidade peculiar está associada ao fenômeno da ressurgência. Esse fenômeno é causado pela Corrente das Malvinas, de águas frias, que migram pelo fundo do oceano até que alcança a Ilha do Cabo Frio, ou Ilha do Farol, em Arraial do Cabo. Com os ventos de direção NE, as águas quentes nas partes mais rasas do oceano são empurradas e essa água fria sobe à superfície. Isto desfavorece a evaporação e, consequentemente, a formação de nuvens de chuva. Além disso, os ventos também dispersam as nuvens que não encontram barreiras de montanhas para provocar a precipitação na região. Esse conjunto de fatores gera um clima semiárido. Assim, são raros os rios e córregos para abastecer a Lagoa de Araruama e todo o sistema com água doce. A insolação e os ventos fortes favorecem a evaporação da água da lagoa, tornando-a hipersaturada em sais. Esta peculiaridade é responsável pela existência histórica das salinas na região, que emprestam beleza à paisagem com seus cata-ventos. Além disso, propicia as condições para formação de estromatólitos.

Referências: Prado, T.P.M. 2016. Caracterização de Fácies e Interpretação Paleoambiental em um Testemunho de Sondagem na Lagoa Vermelha, Planície Costeira de Araruama (Região dos Lagos), RJ. Trabalho de conclusão de curso (graduação), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Departamento de Geologia 53p. | Mansur, K.L. 2010. Diretrizes para Geoconservação do Patrimônio Geológico do Estado do Rio de Janeiro: o caso do Domínio Tectônico Cabo Frio [Rio de Janeiro]. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geologia, 214p. | Gênese da Morfologia do Fundo da Lagoa de Araruama e Cordões Litorâneos Associados | Estudo Preliminar da Climatologia da Ressurgência na Região de Arraial do Cabo, RJ

PONTA DA FARINHA
Localização: 22°51’18.6” S; 42°11’45.1” O
Descrição: A Ponta da Farinha é um geossítio que está localizado na Praia Linda, às margens da Lagoa de Araruama, à 5 km do centro do Município de Iguaba Grande, e possui uma beleza exuberante além de seu alto valor geológico e potencial geoturístico. O acesso à Ponta da Farinha se dá pelo Núcleo Experimental de Iguaba Grande (NEIG), pertencente à Faculdade de Veterinária da UFF (Universidade Federal Fluminense). Fundado em 1960, a área foi doada pelo presidente Juscelino Kubitschek para funcionar como uma granja-escola com objetivo de realizar aulas práticas para os alunos do curso de veterinária da universidade. Por vários anos funcionou também como uma salina-escola. Caminhando pela faixa de areia da Ponta da Farinha, é possível observar diferentes tipos de rochas, como os gnaisses e as brechas tectônicas, além de registros de eventos de variação no nível relativo do mar, cada um com uma idade bastante específica. Gnaisses são rochas metamórficas. Eles foram formados em um antigo continente que existiu na África há cerca de 2 bilhões de anos, mas se juntaram ao nosso território sul-americano em 520 milhões de anos, quando houve a colisão continental que deu origem ao Supercontinente Gondwana. As brechas tectônicas são provenientes de movimentação de falhas geológicas. Estas se desenvolvem quando a rocha é submetida a esforços que geram um plano de fraqueza, que se rompe e se movimenta. Terremotos, por exemplo, são decorrências destas movimentações. Esse tipo de brecha se caracteriza pela existência de fragmentos angulosos, envoltos e unidos por um material mais fino. Os esforços que geram a falha podem quebrar a rocha em diversos pedaços. Material da própria rocha, em geral a sílica (óxido de silício), escapa da rocha durante este movimento na forma de fluidos e preenche os espaços entre os fragmentos. Assim se formam as brechas tectônicas. Importante destacar que os terremotos que geram as brechas são rasos, porque a rocha deve estar fria para se quebrar em pedaços. É possível, a partir de uma imagem de satélite identificar o traçado da falha da Ponta da Farinha. Além dessas rochas, também encontramos no local evidências de eventos mais recentes na história geológica. Observam-se, presos às fendas dos costões rochosos, tubos de vermetídeos – grupo de gastrópodes que vivem colados às rochas na região do limite superior da linha d’água. É possível datar esses organismos e, assim, junto com outros indicadores, reconstituir o nível relativo do mar no passado. Vale mencionar que os vermetídeos observados na Ponta da Farinha encontram-se acima do nível atual, porém ainda não foram datados. Destaca-se que este é um dos últimos locais na parte mais interna da Lagoa de Araruama onde se pode observar uma vegetação ainda preservada. Visitando a Ponta da Farinha, você pode fazer um passeio tranquilo apreciando a beleza única do local, enquanto observa os registros de diferentes momentos da história geológica, evidenciados a partir das várias rochas que ali mantém viva a memória da Terra!

ESTRUTURAS NEOTECTÔNICAS
Localização: 22º48’48.61” S; 42º12’05.38” O
Descrição: No km 51 da Via Lagos (Rodovia RJ 124), no município de Iguaba Grande, foi identificado um sítio contendo estruturas atribuídas a eventos neotectônicos, interpretadas como falhas geológicas, e a um antigo canal fluvial. Observa-se o deslocamento das camadas e níveis de cascalho por falhas geológicas. A neotectônica representa os movimentos e deformações da crosta terrestre que ocorrem em uma escala de tempo recente no âmbito da Geologia, considerada geralmente a partir do início do Neógeno (cerca de 23 milhões de anos atrás) até o presente. Trata-se de um afloramento que possui na base sedimentos inconsolidados relacionados à Formação Barreiras, recobertos por um conjunto de areias e cascalhos fluviais, ou seja, que têm origem em leito de rio. A Formação Barreiras consiste em rochas sedimentares e sedimentos depositados na época geológica conhecida como Plioceno, que se refere ao intervalo entre 5,33 a 2,58 milhões de anos. Esses depósitos são encontrados em grande parte do litoral brasileiro, desde o Amapá até o Rio de Janeiro. São famosas as ocorrências relacionadas às falésias do litoral cearense, potiguar e baiano, bem como no município fluminense de São Francisco de Itabapoana, no território do Geoparque Costões e Lagunas do RJ. Também podem ser vistas como paleofalésias ou falésias ativas em Armação dos Búzios, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Maricá, por exemplo. Se considerarmos a idade de deposição da Formação Barreiras, podemos afirmar então que a deformação registrada nestas rochas foi produzida pela neotectônica. Através do estudo deste sítio científico podemos ampliar nossos conhecimentos sobre os sedimentos da Formação Barreiras, assim como sobre esses movimentos recentes que estão ocorrendo na crosta terrestre. A presença de evidências de eventos tectônicos recentes, deixa claro que, mesmo em áreas tectonicamente estáveis como o Brasil, são possíveis e comuns movimentos de origem tectônica.

Referências: West, D.C.; Ferreira, C.C.; Pereira, T.P. 2014. Análise de minerais pesados em sedimentos presentes no corte de estrada do km 51 da Vialagos, Iguaba Grande, RJ. Livro de Resumos da XXXVI Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural UFRJ. 469-470p.


PRINCIPAL SÍTIO DE INTERESSE HISTÓRICO-CULTURAL:

CAPELA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Localização: 22°50’21.300” S; 42°13’39.554” O
Descrição: A Igreja da Imaculada Conceição ou Capela da Praia, como é conhecida na região, está localizada às margens da Lagoa de Araruama, na Rodovia Amaral Peixoto, nº 1297, em Iguaba Grande. A Capela, uma singela construção feita com argamassa, óleo de baleia, pedras e conchas, foi inaugurada em 03/06/1761 pelo padre jesuíta Francisco Borges. Localizava-se na antiga trilha dos povos indígenas. Quando passou a ser utilizada por viajantes da época, servia como ponto de pousada e descanso. A primeira reforma foi realizada no século XIX e, posteriormente, intervenções em 1972. A Capela recebeu a visita ilustre da Princesa Isabel e do seu esposo, Conde D’ Eu em 1886, os quais foram festivamente recebidos pelos moradores. Em 16/04/1979, o governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio do INEPAC, realizou o tombamento definitivo do conjunto arquitetônico da Igreja da Imaculada Conceição, no qual faz parte a igreja, o coreto e a casa paroquial. Mas, infelizmente, o coreto e a casa paroquial foram demolidos de forma irregular. A página “Capela da Praia, presente desde 1761” no Facebook é destinada à recuperação da memória cultural e aos fatos históricos desse sítio. Preservar nossa história é também preservar nossos monumentos!

Referências: Capela da Praia, presente desde 1761. | Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC | Bragança Imóveis | Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística – IBGE | Patrimônio Cultural Brasileiro – Ipatrimônio

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