Descrição Geral: Considerada um paraíso natural, com 46 quilômetros de praias, seis lagoas, canais, ilhas e rios, cachoeiras, trilhas, serras, restinga e uma rica história, Maricá é o cenário perfeito para quem procura beleza natural e aventuras. O relevo é caracterizado principalmente por maciços costeiros, planícies fluviais, lagunares e marinhas. Cachoeiras, costões rochosos e lagoas marcam a diversidade de paisagem. O artesanato da região do Espraiado merece destaque e é reconhecido internacionalmente.
Geologia: A geologia é marcada pela presença de rochas metamórficas, ígneas e sedimentares, com grande geodiversidade. Destaque para os Beachrocks de Jaconé, cujas formações sedimentares foram descritas por Darwin e são consideradas patrimônio natural de alta relevância geológica, ambiental, paisagística e cultural.
Histórico: A região de Maricá, antes ocupada pelos povos indígenas, começou a ser povoada pelos europeus no início do século XVI por causa da necessidade da Coroa Portuguesa em defender o litoral de ataques dos corsários franceses. Entre 1574 e 1830, as terras foram doadas aos colonizadores portugueses, divididas em sesmarias. O primeiro centro efetivo de população, fundada pelos beneditinos em 1635, surge junto à Fazenda de São Bento (São José do Imbassaí), onde foi construída a primeira capela dedicada a Nossa Senhora do Amparo. Em 1814, passa a se chamar Vila de Santa Maria de Maricá em homenagem à rainha D. Maria I de Portugal. Em 1889, o recém-criado governo republicano decide elevar a Vila à categoria de cidade. A Estrada de Ferro de Maricá também faz parte da história da cidade. Seu primeiro trecho, em 1888 ligava as estações de Alcântara e Rio do Ouro. Entre 1911 e 1940, a ferrovia viveu seu auge e o trecho foi ampliado até Cabo Frio onde registrava um grande volume de cargas da produção local. Com o declínio da atividade agrícola, os trechos foram sendo desativados, encerrando em definitivo em 1966. A história de Maricá também é rica em personagens ilustres e nomes de representatividade, como o padre José de Anchieta que em 1584 realizou a “pesca milagrosa”, na Lagoa de Araçatiba; a Princesa Isabel e o Conde D’Eu que em 1868 se hospedaram na sede da Fazenda do Pilar (Ubatiba); os naturalistas John Luccock (1813), Príncipe Maximiliano Niuwied (1815), Saint-Hilaire (1818) e Charles Darwin (1832), entre outros, passaram pela cidade em suas expedições científicas.
PRINCIPAIS GEOSSÍTIOS:
COSTÃO DE PONTA NEGRA
Localização: 22°57’42.86″ S; 42°41’29.75″ O
Descrição: Neste ponto pode ser observado o contato entre os ortognaisses do Complexo Região dos Lagos, embasamento do DTCF – Domínio Tectônico Cabo Frio, e os paragnaisses do Grupo São Fidélis. Segundo Dr.ª Renata Schmitt (UFRJ), ali foram datadas as rochas mais antigas do DTCF, com 2.1 Ga. Pode ainda ser encontrado neste local megaboudins de anfibolitos e pegmatitos paleoproterozóicos, um conjunto de rochas paraderivadas intensamente deformadas de idade neoproterozóica e, também, um dique de diabásio com 130 milhões de anos. Uma cavidade natural, denominada pelos moradores como “Sacristia”, atrai muitos visitantes. Ponta Negra é um mirante natural, onde foi implantado um farol e de onde se descortina a paisagem do sistema lagunar de Maricá, com seu cordão arenoso característico, a oeste, e a praia de Jaconé, a leste. Possui valor científico, didático e turístico, além de importância cultural.
BEACHROCKS DE DARWIN
Localização: 22°56’33.38″S; 42°40’10.31″O
Descrição: Na praia de Jaconé, na região entre Maricá e Saquarema, ocorrem beachrocks em mais de 1100m de extensão contínua (podendo alcançar 6 km em linha descontínua). Indicam uma posição do nível relativo do mar na época de sua formação um pouco mais baixa que a atual cerca de 0,5 m. Suas conchas foram datadas em 8.198 – 7.827 anos A.P. (Mansur et al. 2011), pelo método radiocarbono. Esta ocorrência permitiu a identificação de 3 litofácies em arenitos, coquinas e conglomerados. Foram descritas estruturas primárias como estratificação plano-paralela e cruzada de baixo ângulo e acanalada. Num Estado predominantemente formado por rochas cristalinas, esta rara ocorrência sedimentar reveste-se de importância. Seu valor é amplificado porque foi descrito por Charles Darwin, então com 23 anos de idade, em 9 de abril de 1832. Pesquisas arqueológicas realizadas na região descobriram seixos de beachrock nos sambaquis da Beirada e de Moa, em Saquarema, mostrando que este material já era conhecido do homem pré-histórico há mais de 4.000 anos A.P. Por seus atributos é classificado como patrimônio geológico com importância histórica e cultural e pelas informações científicas que abrangem aspectos geomorfológicos, sedimentar, paleoambiental, petrológico e estratigráfico, além de arqueológico e contextualizado na história da ciência. Tem importância internacional e valor científico, cultural, didático e ecológico.
PEDRA DO MACACO
Localização: 22°55’28.3” S; 42°53’45.2” O
Descrição: A Pedra do Macaco é um geossítio que tem um alto potencial para uso geoturístico. A trilha de acesso até o topo tem apenas cerca de 600 m, porém, pode ser considerada de dificuldade moderada devido ao desnível de aproximadamente 240 m que precisa ser vencido para alcançar o topo. É muito visitado por praticantes de rapel e escaladores e, também, por quem só deseja apreciar a vista. E que vista deslumbrante! Dali, observam-se vários geossítios de nosso projeto, como a Pedra do Elefante, a Pedra de Inoã, a Lagoa de Maricá e a planície costeira, além do mar ao longe. Por conta da dificuldade da trilha, é inviável que ela seja realizada por grupos muito grandes. Portando, para o uso didático do local, é necessário que as explicações sejam feitas na base da trilha ou onde se possa ter uma boa visualização da pedra. O grande atrativo da Pedra do Macaco está no seu topo. Trata-se de uma feição geomorfológica conhecida como Tor, que é um afloramento rochoso alongado que se ergue abruptamente das encostas suaves no alto de um morro. Normalmente está associada a terrenos graníticos em áreas elevadas. A rocha local é de fato um granito, datado em cerca de 600-560 milhões de anos, onde se destacam grandes cristais do mineral feldspato. É uma bela rocha que se formou pela fusão (e posterior cristalização) de rochas dos continentes que colidiram para formar o supercontinente Gondwana. De forma relativamente simples, podemos dizer que estas rochas se cristalizaram a grandes profundidades (algumas poucas dezenas de quilômetros). Com o passar de milhões de anos, elas chegam à superfície da Terra, seja por erosão ou por movimentos tectônicos, ou ambos. Assim, por alívio da pressão causado pela retirada das toneladas de rocha que cobriam esse granito, ele se fratura. Essas fraturas servem de conduto para água de chuva e outros agentes do clima. Ao longo do tempo, com os processos erosivos, o terreno vai sendo rebaixado e as rochas, que ora estavam em subsuperfície, são expostas, dando origem aos Tors. Além de visitar e/ou escalar o Tor da Pedra do Macaco, você pode apreciar a vista e, ainda, aprender um pouco sobre a origem das rochas que formam esse nosso importante geossítio.
PRAIA E GRUTA DA SACRISTIA
Localização: 22°57’4.67”S; 42°40’56.60” O
Descrição: As rochas da Ponta Negra refletem eventos que nos remetem a cerca de 2 bilhões de anos e sua paisagem vem sendo esculpida até o presente pela erosão, o que originou uma verdadeira obra-prima geológica que são a Praia e a Gruta da Sacristia. Localizada na vertente leste da Ponta Negra, a Gruta da Sacristia é um mirante natural de onde se descortina o arco praial desde Jaconé até Saquarema, onde se destaca o Promontório da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. Este é um importante geossítio do nosso projeto, que devido à sua formação, beleza e acesso, tem grande valor geológico, paisagístico, educativo e geoturístico. As rochas da Ponta Negra refletem vários eventos geológicos bastante diversificados em termos de origem e idade. Elas estão contidas em um conjunto de rochas, cuja evolução singular levou à definição de uma região denominada Domínio Tectônico Cabo Frio (DTCF). O DTCF é interpretado como sendo parte do continente africano que se manteve colado ao território sul-americano mesmo após a separação dos continentes. Isto o torna tão especial e distinto, fazendo que seja objeto de interesse científico internacional. A Geologia do DTCF está relacionada ao estágio final da colisão continental, há 500 milhões de anos, onde rochas africanas muito antigas, com 2 bilhões de anos, colidiram com a América do Sul, originando parte do Supercontinente Gondwana que, além desses dois continentes, agrupa Antártica, Índia, Austrália e outros pequenos fragmentos. A colisão continental teve várias etapas e durante esse processo houve condições de altíssimas pressões e temperaturas que propiciaram a deformação das rochas e mudanças em seus minerais, produzindo rochas metamórficas, como as rochas paraderivadas (metamorfismo de rochas sedimentares) e ortoderivadas (metamorfismo de rochas ígneas). E esses dois tipos de rochas são observadas na Ponta Negra, separadas por um contato que acompanha a direção norte-sul, com as antigas ortoderivadas “africanas” ao leste (onde está a Gruta e a Praia da Sacristia) e os sedimentos marinhos, transformados em rochas metamórficas paraderivadas pela colisão continental, no lado oeste, ou seja, voltados para a vila de Ponta Negra e para a Lagoa de Maricá. Estas rochas ortoderivadas são denominadas ortognaisses (rochas bandadas de cor predominante cinza) e ortoanfibolitos (rochas pretas mais homogêneas). O calor e a pressão vigentes na base da cordilheira que se formou com a colisão levaram parte do material existente a se deformar mais do que outros. Também, fez com que parte do material se mobilizasse na forma de fluidos aquosos muito quentes que penetraram em meio à rocha existente que então se deformava. Assim, os fluidos ao se resfriarem lentamente formaram os pegmatitos, rochas ígneas muito grossas, compostas, basicamente, pelos minerais quartzo, feldspato e biotita, e que hoje ocupam importante papel na Geologia da Praia e da Gruta da Sacristia. Mas a quebra continental durante a abertura do Atlântico (cerca de 130 milhões de anos atrás) também deixou marcas no DTCF. O processo se inicia com o afinamento da crosta continental e a ascensão de magma vindo do manto que, na região, é representado por estruturas denominadas diques, que são fraturas preenchidas por diabásio, ou seja, da rocha formada pelo resfriamento do magma ascendente. Também, na Gruta da Sacristia podem ser observadas estruturas denominadas boudins onde o ortoanfibolito se deformou como salsichas, enquanto o gnaisse deformou-se menos. Os pegmatitos que se infiltraram durante a colisão continental ocupam as áreas no limite entre as “salsichas” e, também, cortam todas as outras rochas da gruta. As rochas se comportam de maneira diferente frente à ação das intempéries, alterando-se mais ou menos, dependendo, principalmente, de sua composição. A erosão sobre as rochas do costão deixa claro que este processo diferencial ocorre ali, onde os boudins de ortoanfibolito se alteram e são erodidos mais profundamente que o gnaisse, inclusive erodindo a rocha e levando à formação da cavidade que conforma a gruta. Na Praia da Sacristia, além do gnaisse, ortoanfibolito e pegmatito, pode ser observado um dique de diabásio que corta a Ponta Negra desde seu lado oeste, entrando no mar em direção à praia onde ocorrem os beachrocks de Jaconé, ou de Darwin, situados na área adjacente. Trata-se, portanto, de um geossítio com alta riqueza de geodiversidade e presença de raridades geológicas. Além disso, a beleza cênica e os processos atuantes fazem com que seja visitada por turistas e escolas, demarcando seu valor científico, turístico e didático. Em 22/11/2020, durante monitoramento de praias executado pelo Econservation em conjunto com Projeto Aruanã, foram encontrados filhotes de Tartaruga-Cabeçuda saindo do ninho, em Ponta Negra. Apesar dessa área não ser comum para desova de tartarugas marinhas, algumas desovas esporádicas são registradas, reforçando a importância da preservação do local. Ao visitar a Gruta e a Praia da Sacristia, pode-se apreciar a paisagem única do local, enquanto é possível observar registros de diferentes momentos da história geológica que originaram o território do nosso Geoparque e da própria configuração dos continentes conforme os conhecemos hoje.
Referências: Schmitt, R.S.A. 1999. Discussão sobre a origem dos anfibolitos do bloco Cabo Frio: dados isotópicos e de terras raras – implicações na evolução tectônica da Faixa Ribeira. Simpósio de Geologia do Sudeste. São Paulo: SBG Núcleos SP/RJ/ES, p 13. | Schmitt, R.S. 2001. Orogenia Búzios – Um evento tectono-metamórfico cambroordoviciano caracterizado no Domínio Tectônico de Cabo Frio, Faixa Ribeira – sudeste do Brasil. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFRJ, 273p. | Mansur, K.L. 2010. Diretrizes para Geoconservação do Patrimônio Geológico do Estado do Rio de Janeiro: o caso do Domínio Tectônico Cabo Frio [Rio de Janeiro]. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFRJ, 214p. | GEOSSIT/CPRM – Ponta Negra
LAGOA DE MARICÁ
Localização: 22°57’23.568” S; 42°49’56.082” O
Descrição: A Lagoa de Maricá pertence a um sistema que engloba outras lagoas que possuem conexão entre si e com o mar. O Sistema Maricá-Guarapina, como é conhecido, possui uma área total de 314,4 km² e está inserido na APA de Maricá, criada em 1984, devido à grande importância da sua biodiversidade e representatividade da dinâmica costeira. As margens da Lagoa de Maricá ainda abrigam, desde o século XVIII, a tradicional comunidade de pesca Zacarias. A comunidade e a lagoa nutrem uma relação de mutualismo, em que a lagoa funciona como fonte econômica e de subsistência, enquanto a comunidade garante a proteção dos valores ecológicos da área. A formação geológica da Lagoa de Maricá está diretamente associada às variações do nível relativo do mar nos últimos 120 mil anos. Durante esse período houve momentos de avanço e retração da linha de praia. Quando o nível do mar avança em relação à costa, ocorre o afogamento das regiões mais baixas do litoral e uma interiorização da linha de praia. Já em momentos em que o nível do mar recua em relação à costa, a linha de praia se desloca na direção do oceano. Estes movimentos deixam registros sedimentares mais elevados topograficamente, denominados barreiras arenosas, e correspondem ao posicionamento das antigas linhas de praia. A história geológica da Lagoa se iniciou há cerca de 120 mil anos com um importante período de elevação do nível do mar, que originou as grandes enseadas na região. Naquele momento, as regiões da margem mais interna da lagoa formavam falésias. As rochas metamórficas mais antigas da região (2 bilhões de anos) eram açoitadas pelas ondas, assim como os depósitos da Formação Barreiras, uma importante unidade geológica sedimentar de origem continental a mar raso, que ocorre desde o Amapá até Maricá, sendo sua última área de exposição ao sul. A Formação Barreiras é datada no Brasil entre 20 e 5 milhões de anos, aproximadamente. Entretanto, com o rebaixamento do nível do mar, as barreiras arenosas foram sendo criadas e nas pequenas depressões entre elas foram se “represando” as lagoas do Sistema Maricá-Guarapina. Essa dinâmica costeira permanece alterando a linha de costa, sendo que a última grande elevação do nível do mar na região se deu há cerca de 5 mil anos. Após isto, as pequenas variações foram construindo o litoral como o vemos hoje. O Sistema Lagunar de Maricá é considerado como área de restinga mais pesquisada do Brasil, com quase 700 trabalhos científicos publicados, além de possuir uma beleza cênica ímpar e elevado valor cultural. Ao visitar a Lagoa de Marica, é possível apreciar tudo isso e descobrir como as variações do nível do mar podem esculpir radicalmente a paisagem.
Referências: Berlim, R. 2017. Geoturismo como Estratégia para Geoconservação no Território dos Municípios Maricá, Saquarema, Araruama e Iguaba Grande – RJ. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Geologia, UFRJ, 223 p. | Silva, A.L.C.; Silva, M.A.M.; Gamboa, L.A.P.; Rodrigues, A.R. 2010. Arquitetura sedimentar e evolução geológica no Quaternário da planície costeira central de Maricá (Rio de Janeiro). Congresso Brasileiro de Geologia | Souza, J.S.; Neto, H.C.O.; Deterling, L.C. 2016. O Impacto da poluição: pesquisa feita a partir da lagoa de Maricá, cidade com foco turístico no Rio de Janeiro. I Seminário das Águas – Lagoas do Rio, 91-101 | Zacarias. Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU/UFF). | INEA – Instituto Estadual do Ambiente
PEDRA DE INOÃ
Localização: 22°55’25.905” S; 42°54’45.008” O
Descrição: A Pedra de Inoã é uma das referências topográficas mais relevantes de Maricá, com altitude de aproximadamente 480 m. Possui orientação Sudoeste-Nordeste, assim como a Serra da Tiririca, parcialmente inserida no território do nosso projeto de Geoparque. A região compreendida pela Pedra de Inoã está dentro da área de ocorrência do denominado Granito Itacoatiara. O granito é uma rocha ígnea intrusiva, ou seja, formada pela cristalização de um magma em profundidade. Possui os minerais quartzo, feldspato e mica em sua composição. Como característica local, observam-se grandes cristais de feldspato que se destacam do restante da rocha. Este granito foi formado e, posteriormente, deformado durante a colisão que aglutinou o Supercontinente Gondwana, com idade entre cerca de 600 e 560 milhões de anos. Segundo sua classificação na plataforma Geossit do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), trata-se de um Sítio da Geodiversidade de Relevância Nacional e possui alta relevância nos critérios que contemplam potencial turístico e didático. A Pedra de Inoã, pela Lei Municipal 2369/2011, é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral municipal denominada Monumento Natural Municipal da Pedra de Inoã. Seu potencial didático está no fato de que, no Ensino Básico, é possível explorar temas como erosão, intemperismo e tipos de rochas para justificar a diferença entre ela e a paisagem no entorno. Seu potencial turístico é elevado pela beleza cênica e pela possibilidade de ser visualizada de vários pontos e rodovias. Ainda, há uma antiga lenda relacionada ao maciço. Dizem os antigos que Inoã era uma linda índia que despertou a atenção de um gigante que vivia na cratera de um vulcão adormecido. Entretanto, como Inoã não lhe dava atenção, ele pulou dentro da cratera e assim ativou o vulcão. A lava então jorrou e, ao se resfriar, deu origem à Pedra de Inoã. A Pedra de Inoã é um verdadeiro cartão postal de Maricá. O acesso ao seu topo se dá por meio de trilhas abertas na vegetação, entretanto, elas são consideradas de nível difícil e exigem preparo e conhecimento da região. De seu topo observam-se vários Geossítios de nosso Projeto Geoparque Costões e Lagunas do RJ, como a Pedra do Elefante, a Pedra do Macaco, a Lagoa de Maricá e a planície costeira, além do mar ao longe.
Referências: Berlim, R. 2017. Geoturismo como Estratégia para Geoconservação no Território dos Municípios Maricá, Saquarema, Araruama e Iguaba Grande – RJ. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Geologia, UFRJ, 223 p. | Lambraki, Alexandra. 2005. Compêndios da História de Maricá. Rio de Janeiro, Cop Editora e Gráfica, 1ª Ed. | Mendes, J.; Schmitt, R.; Penha, H.; Ludka, I.; Dantas, E. 2021. Calc-alkaline Magmatism in a Low Pressure High Temperature Neoproterozoic Terrane, SE Brazil: New U-Pb Data. V South American Symposium on Isotope Geology, Punta del Este, Uruguay, Expanded Abstracts, 1:123–125
PRINCIPAL SÍTIO DE INTERESSE HISTÓRICO-CULTURAL NA ÁREA DO GEOPARQUE:
CAMINHOS DE DARWIN
Localização: 22°55’53.71″ S; 42°58’13.40″ O
Descrição: No dia 8 de abril de 1832, Charles Darwin iniciou uma expedição pelo interior do Estado do Rio de Janeiro. Cruzou a Baía de Guanabara e chegou a Praia Grande, atual Niterói. Ao passar pela Serra da Tiririca ele se deslumbrou: “As cores eram intensas e o matiz predominante era um azul escuro, com o céu e as águas calmas da baía rivalizando em esplendor. Após passar por uma região cultivada, adentramos uma floresta cuja grandeza não podia ser superada. À medida que os raios de sol penetravam a massa emaranhada, lembrei-me energicamente de duas gravuras francesas feitas a partir dos desenhos de Maurice Rugendas e Le Compte de Clavac. […] Eu não conseguia de maneira alguma parar de admirar essa cena”. Chegou à região de Maricá denominada Itaocaia, nome dado também a um monólito granítico. Sobre esta rocha e a escravidão, Darwin escreveu: “Este lugar é famoso no país por ter sido durante um longo período a morada de alguns escravos fugidos que, cultivando uma pequena gleba de terra próxima ao topo, conseguiram tirar dali seu sustento. Por fim, alguns soldados foram enviados e os prenderam todos, com exceção de uma velha que, a ser capturada de novo, preferiu se espatifar em pedaços e jogou-se bem do topo da montanha. Fosse ela uma matrona romana e isso seria chamado de patriotismo nobre; como se trata de uma negra, foi chamado de obstinação brutal! […] Como foi ficando escuro, passamos sob uma das montanhas maciças, nuas e escarpadas de granito tão comuns nesta região”.
Um pensamento em “Maricá”