Entre os geoparques propostos pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil) está o da Serra do Sincorá, com uma área de 6.313 km². Este território está situado no centro do Estado da Bahia e é composto por quatro serranias de direção norte-sul, que atingem altitudes de até 2.200 m. A área proposta para o geoparque abriga uma população de aproximadamente 44 mil habitantes, distribuídas nos municípios de Lençóis, Palmeiras, Mucugê e Andaraí. As atividades econômicas principais são a agricultura e pecuária. Nas cidades de Lençóis e Mucugê, o turismo tem uma contribuição importante para a economia local.
Afloram na Chapada Diamantina rochas sedimentares e metassedimentares pertencentes aos supergrupos Espinhaço (Grupos Chapada Diamantina e Paraguaçu) e São Francisco (Grupo Una), compreendendo rochas terrígenas e carbonáticas, indicativas de ambientes desérticos (formação Tombador), marinhos (formações Caboclo e Salitre), fluviais (formações Mangabeira e Guiné) e glaciais (formação Bebedouro). Em campo, as rochas encontradas são representadas, em sua maioria, por arenitos, lamitos e calcários, com idades do Mesoproterozóico, além de diamictitos e calcários, com idades do Neoproterozóico. Ocorrem também, de maneira subordinada, rochas vulcânicas intrusivas.
Na área proposta para o Geoparque Serra do Sincorá foram descritos 22 sítios, representativos das formações componentes dos supergrupos supramencionados e ilustrativos de aspectos deposicionais, tectônicos e geomorfológicos destas formações.
O Projeto Geoparque Costões e Lagunas do RJ realizou uma entrevista especial com a equipe do Geoparque!
Confira abaixo!
1) De que forma começou o Geoparque, quem participou e como está o projeto hoje? Embora tenha havido singelas iniciativas a partir de 2007, quando a Prof.ª Marjorie Nolasco, da UEFS, começou a discutir geodiversidade e geoparques na região, a primeira proposta concreta surgiu com a tese de doutorado do Geólogo Ricardo Fraga Pereira, concluída em 2010. Na sequência foi publicado um relatório para a CPRM com a proposta, que está disponível on-line. Mais tarde, no ano de 2017, foi criada a Associação Geoparque Serra do Sincorá, com o objetivo de implementar o Geoparque. 2) Como é constituída a estrutura de gestão do Geoparque? Quais as categorias profissionais que fazem parte da equipe? A nossa Associação Geoparque Serra do Sincorá (AGS) possui cinco órgãos sociais: a Assembleia Geral, a Direção Executiva, cujos componentes estão apontados abaixo, um Conselho Fiscal, um Conselho Gestor e um Conselho Científico. a) Presidente: Dioclides Lopes Araújo – Microempresário de turismo em Lençóis; b) Vice Presidente: Renato Pimenta de Azevedo – Consultor de Empresas; c) Secretária: Sirlene Rosa de Souza – Profissional com formação na área de turismo; d) Tesouraria: Ana Moreira – Contadora; e) Diretor Científico: Ricardo Galeno Fraga de A. Pereira – Geólogo e Professor na UFBA. 3) Quais as principais ações de geocomunicação e geoeducação que vocês promovem no território? Deste 2017, temos realizado mais de 60 palestras e reuniões com as comunidades dos 4 municípios abrangidos: Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras. a) Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA); b) Realização de minicursos; c) Exposição itinerante da geodiversidade; d) 1ª ExpoArte da Chapada Diamantina; e) Participação no evento nacional “Um Dia no Parque”; f) Geotrilhas interpretadas com os guias e condutores. 4) Quais são os geossítios, sítios culturais de maior relevância para o Geoparque? Já estão inventariados 29 geossítios, mas o cadastramento ainda não foi concluído. Alguns dos sítios principais são: a) Morro do Pai Inácio; b) Diamictitos da Formação Bebedouro; c) Cachoeira da Fumaça; d) Serrano; e) Morro do Cruzeiro; f) Cachoeira do Tiburtino; g) Vila de Igatu; h) Sítio Arqueológico da Serra das Paridas. 5) Qual é o maior desafio que vocês enfrentaram na divulgação e engajamento do projeto? Temos enfrentando dois grandes desafios: captação de recursos e a falta de conhecimento do termo pela população. 6) Quais são os planos para o futuro do Geoparque Serra do Sincorá? Conseguir obter financiamento contínuo e submeter a candidatura para a Rede Global de Geoparques em um prazo de até 3 anos. 7) Gostaria de ressaltar alguma característica que faz do seu projeto especial? O potencial científico, ambiental e geoturístico do território da proposta do Geoparque Serra do Sincorá é algo notório, tanto que o local é um dos principais destinos do turismo de aventura e de natureza no Brasil. Além disso, a área conta com um conjunto de 8 Unidades de Conservação de âmbito Municipal, Estadual e Federal, com destaque para o PARNA Chapada Diamantina e APA Estadual Marimbus Iraquara. 8) Defina o Geoparque Serra do Sincorá em apenas uma palavra e por quê? Grandiosidade. O território do Geoparque é marcado por paisagens monumentais, com serras e paredões escarpados com mais de uma centena de metros de altitude que foi palco de intensa atividade garimpeira, desde o século XIX. Galeria de Fotos: